quinta-feira, 5 de junho de 2008

Viver ou ser vivido?

No atual estado de cobranças, prazos e estresse que a pós-modernidade cobra ao ser humano é fácil perceber o movimento cotidiano de reprodução de comportamentos diários que sequer são problematizados. Todos os dias após acordamos desligamos nosso despertador e logo depois do café ou banho vamos para a faculdade ou trabalho. No retorno dos afazeres não muda a rotina, tomamos café, assistimos televisão ou fazemos exercícios físicos enfim, repetimos tudo isso todos os dias, é como se já fossemos programados a agir de tal forma. Diante desta situação cabe novamente a leitura do tema para que possamos nos posicionar quanto cada vida em particular. Sabe o dito popular “a vida é curta”? Se há a possibilidade de respondê-la, creio que sim, é curta mesmo, mas quem ao menos algumas vezes se coloca na posição de máquinas (como o atual sistema nos coloca) e tenta rever sua vida e analisar seu atual curso pode em poucas vezes sair da rotina e se permitir viver em vez de ser vivido, pois desta forma a vida pode se tornar menos curta.

Breno Gama

Um comentário:

Elton Alonso Nogueira Júnior disse...

Breno assino em baixo. A vida passa e achamos que o certo é isso mesmo até o dia em que acordarmos realmente.
Irei tecer um comentário sobre a parte em que você menciona o sistema em que vivemos de forma imposta.
Somente para ilustrar falarei baseado em Richard Sennette em O Declínio do Homem Público em que ele aborda as novas facetas do sistema. Todos sabem do advento da Revolução Industrial que sistematizou ainda mais a divisão do trabalho deixando o homem cada vez menos entendido do todo e mais especialista em sua parte que lhe fora separada. Hoje em dia com o que Sennette chama em A Corrosão do Caráter, o capitalismo “flexível”, as grandes empresas continuam obviamente com a divisão do trabalho, já que aliena o trabalhador e não o deixa pensar algo além do seu dever, e inova nas relações interpessoais dos "colegas" de trabalho. Lembra que as pessoas eram divididas em cabines nas empresas cada um cuidando das suas coisas sem o contato com os outros trabalhadores? Isto possibilitava posteriormente ao expediente a troca de idéias, as conversas e até mesmo as fofocas entre as pessoas tendo em vista que o que o outro teria para falar era algo novo. Hoje as grande empresas norte americanas não adotam mais essas divisórias sabia? Eles não querem que o homem tenha o contato humano entre si. É a quebra da individualização.
Sennette fornece outros exemplos como a extinção de praças públicas e as residências feitas com grandes cortinas de vidro para encurtar o público do privativo. Verdadeiro Big Brother.